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Lagar de Prensas Versus Lagares de Linha Contínua

Tipologias de Lagares

Ao longo dos últimos anos tem existido um investimento nos lagares de azeite, em que consiste basicamente na renovação dos seus equipamentos de receção de azeitona, extração e armazenamento de azeite.

A introdução de melhorias ao nível das tecnologias de extração de azeite, com a substituição dos sistemas tradicionais de prensas por linhas contínuas, inicialmente em três fases e mais recentemente em duas fases foram acompanhadas por um aumento das escalas de produção.

Os lagares de azeite, podem-se então distinguir em três tipologias:

  • Sistema tradicional de prensas (Descontínuo);
  • Sistema de  extração  contínuo  de  três  fases;
  • Sistema de extração contínuo de duas fases.

Sistema tradicional de prensas

É o método de transformação de azeite mais antigo a operar nos dias de hoje, mecanizado para uma  obtenção de azeites a pressão a frio e extração a frio.

Neste sistema utilizam-se moinhos de pedra/galgas que giram e esmagam na totalidade as azeitonas ou moinhos de martelos que giram e esmagam na totalidade as azeitonas através de uma estrela e um crivo, obtendo-se deste modo uma pasta de azeitona. Neste caso, a pasta é espalhada em camadas finas sobre capachos / “seiras”, que são colados  uns  sobre  os  outros  acabando  por  formar  um “carro”.  A mesma é depois comprimida através de uma prensa, oscilando entre 30 a 45 minutos,  facilitando  o  processo  da  separação  da fração sólida, que fica retida nos capachos, da fração líquida, sendo drenada e enviada para a fase  seguinte  do  processo,  onde  através  da  decantação  ou  centrifugação  se  dá  finalmente  a separação do azeite da água.

Como produtos finais deste processo obtém-se o azeite virgem, o bagaço das azeitonas seco e as águas ruças, que corresponde a uma mistura entre a água que é utilizada na etapa de lavagem das azeitonas, a água de vegetação e a água adicionada ao processo para facilitar a separação de fases.

Este sistema apresenta como principal desvantagem o facto de que para aumentar o nível de produção, é necessário mais espaço nas infraestruturas para colocar mais prensas.

Como vantagens apresenta o facto de que o processo de extração apresenta valores mais reduzidos de temperaturas na sua transformação comparativamente aos lagares de linha contínua, o que não altera as características intrínsecas da matéria-prima, assim como na utilização de energia que é também inferior.

Sistemas  de  Extração Contínuos

O Sistema Contínuo de extração de azeite é considerado tecnologicamente mais avançado do que o anterior Sistema Clássico. Este sistema usa de centrifugação para a separação das fases, podendo abranger na sua função: 2 ou 3 fases.

Este tipo de sistema pode, de forma mais rápida e eficaz, proceder à separação das fases sólida e líquida, que se faz mediante a utilização de centrífugas de tipo horizontal ou também designadas de decanters. São estes sistemas chamados de contínuos, porque não há necessidade de parar a máquina separadora, quando se introduz a massa de azeitonas triturada e ocorre a separação das fases.

Após a introdução da pasta de azeitona na centrifugadora do tipo horizontal, que é praticamente um tambor com a forma cilíndrica ou cónica, produzem-se forças de separação distintas como resultado da diferente velocidade de rotação do tambor da centrifugadora.

  • Sistema de extração contínuo de 3 fases

Este sistema, desenvolvido no início dos anos 70, é caracterizado por ser um sistema de centrifugação que separa em três fases, o azeite virgem, o bagaço semi-húmido e as águas ruças.

As desvantagens deste tipo de sistema são o facto de se produzirem maior volume de águas ruças face ao processo tradicional de prensas, necessitar de maiores consumos de água e energia, ter um maior custo de extração face ao tradicional e uma perda de componentes antioxidantes para a fase  da água.

Como vantagens apresenta o facto  de ocupar menos área que o sistema tradicional.

  • Sistema de extração contínuo de duas fases

Surgiu nos anos 90, tendo vindo a atrair um crescente interesse visto que opera sem a adição de água, ou apenas com uma quantidade de água mínima e produz quantidades de águas residuais reduzidas.

No final do processo são obtidos como produtos o azeite virgem, o bagaço húmido (bagaço mais águas ruças) e uma quantidade mínima  de  água  residual, em que  neste  processo  é  apenas  composto  pela  água  de  lavagem  das azeitonas.

Com   este   sistema   produzem-se   reduzidas   quantidades   de   águas   ruças comparativamente com os outros dois sistemas, sendo possível extrair um azeite com maior teor de antioxidantes.

Processos de Transformação nos Diferentes Sistemas

Reflexão

A produção de um único produto pode ser feita através de três sistemas distintos, mas, de facto o principal fator para a obtenção de um bom azeite é a qualidade da matéria-prima, embora cada tipo de sistema proporcione características diferentes ao produto final.

Com as tecnologias dos sistemas contínuos, consegue-se obter uma maior produção  em menos espaço e menos processos manuais, mas por outro lado os processos envolvem temperaturas  mais altas, ao contrário do sistema tradicional de prensas.

Referências